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O nome dela eu não digo…
Mas sei e nunca esqueci:
Foi a mais linda que eu vi
Das colegas que eu tinha…
Parecia uma princesinha
Em seu cabelo dourado…
Rosto terno e vigiado
Por olhos azuis brilhantes…
Recordo todos os instantes
Que eu fiquei ao seu lado…

Mas eu me via sem graça,
Não me sentia atraente…
Igual quem está doente:
Doente de baixa estima…
Como podia uma menina,
Tão bela como você,
Se interessar ou querer,
Olhar para alguém assim?
Coitado, pobre de mim:
Te amava só pra sofrer…

A classe onde estudávamos
(Terceiro ano primário)
Era uma sala – sacrário:
Pois uma deusa guardava…
Você, que eu adorava
Amor tão puro, inocente –
Mas tu, toda indiferente,
Me via sem me notar,
E eu, faminto a mendigar,
Talvez um olhar, somente…

Como uma chama acendida
Dentro do meu coração,
Pergunto qual a razão
Desse amor ter despertado…
Assim tão forte, ousado,
Pungente, abrasador,
Sendo, ao mesmo tempo, flor,
Que encanta nossas vidas,
Nos causa também feridas,
Com seu espinho de dor…

Apesar de ser tão bela,
E muito inteligente,
Ela não era consciente
Desse meu grande querer…
Pois não conseguia ver
O meu sofrer tão calado,
Por esse nobre pecado
De uma paixão ferina…
É muito triste essa sina:
Amar e não ser amado…


E ainda havia um outro colega
— Também de olho azulado —
Que me deixava enciumado
Porque — na minha fraqueza —
Eu tinha toda certeza
Que, se ela fosse escolher,
Certamente ia querer
Ele, que era mais prendado…
Enquanto eu, apaixonado,
Que chance podia ter…?

Assim, sustei meu segredo,
Meu amor aprisionado,
No meu peito, sufocado:
Brasa que o tempo gastou…
Contudo, nunca acabou,
Pois o sinto até agora
(Igual criança que chora
O brinquedo que faltou)
O aguilhão desse amor…
Que eu nunca joguei fora!